Como preservar a imagem do Influencer na internet?
Existe um jeito de preservar a imagem do Influencer na internet?
É verdade que um influenciador digital pode ser responsabilizado por eventual publicidade?
Um patrocinador ou apenas um contrato de publi pode destruir a nossa reputação?
Já adianto que todas as perguntas acima possuem uma resposta afirmativa.
SIM, há formas de se preservar a imagem na internet; SIM, um influenciador digital pode ser civil e penalmente responsabilizado por publicidade e destruir sua reputação como consequência.
É o que veremos no presente artigo!
1. Posso ser responsabilizado por um publi?
Antes de mais nada, convém esclarecer que o direito e a sociedade evoluem de maneiras distintas.
Hoje, com as tecnologias cada vez mais rápidas e mudanças em velocidade estratosférica, o nosso meio jurídico, e principalmente as leis, não conseguem acompanhar toda essa rapidez.
Não se enganem! A propagação/publicidade de produtos e serviços ao público por meio de influenciadores digitais é uma forma extremamente atrativa e viável de disseminação de determinada marca, captação de novos clientes, melhor retenção de ativos e, por consequência, maximização de lucros.
Podemos dizer, com toda a certeza, que o Digital Influencer mudou o cenário da publicidade mundial.
Nesse contexto, o Digital Influencer possui o poder de não só persuadir o seu público a compra de determinado produto ou serviço, como também de estabelecer certa marca no mercado de consumo através de uma publicidade leve e atrativa dentro do cenário digital.
Mas, como diria o Tio Ben do Spider-Man, grandes poderes trazem grandes responsabilidades!
Ora, vejam bem. Existe sim um entendimento de que por estarem participando da cadeia produtiva, o Digital Influencer deve sim ser responsabilizado em caso de falha no produto ou serviço em função da quebra de confiança com o público.
Seria como se fossem garantidores da qualidade do produto ou serviço anunciado. Isso acontece especialmente com os influenciadores digitais que recebem porcentagens em vendas de produtos ou serviços em troca de descontos com seu nome.
E, por lucrarem junto à cadeia de consumo, devem responder civilmente em caso de quebra de expectativa do público em relação ao produto/serviço anunciado.
2. Casos famosos: imagem e reputações abaladas
Por exemplo, o recentíssimo caso dos influenciadores digitais que foram pagos para fazer publicidade de métodos de “atendimento precoce” de covid-19, os mesmos que não possuem qualquer comprovação da comunidade científica a respeito de sua eficácia.
Tudo é muito incerto nessa questão da pandemia. Mas, a que tudo indica, esses influenciadores digitais terão seu alcance e reputação extremamente atingidos após a divulgação de seus nomes e dos valores.
Primeiro porque não há comprovação científica e essa publicidade se traduz em um desserviço no combate ao covid-19.
Segundo porque, indiretamente, alastrar falsas verdades científicas podem trazer não só mais riscos de contágio, como também perdas fatais por um tratamento ilusório. O sangue também fica na mão de quem ajuda a divulgar.
Terceiro porque isso repercutiu muito mal entre o público. O alcance e reputação desses influenciadores digitais tende a sofrer um baque gigantesco.
E esse é só um exemplo mais recente. Podemos enumerar diversos outros facilmente.
Inclusive a queda da reputação atinge também atitudes fora do ambiente de publi. Só olhar para o caso da Gabriela Pugliesi que, após sua recuperação da covid-19, fez uma festa de comemoração em sua residência.
Esse pequeno erro, reconhecido pela própria Gabriela, custou caro. Estima-se que a influenciadora perdeu cerca de 3 milhões de reais em quebras de contratos pelo ato irresponsável de furar a quarentena. Principalmente por ser associada a um perfil fitness e saudável, essa contradição não foi perdoada pelo público.
3. Como podemos preservar a imagem do Influencer na internet?
Existem sim maneiras de se preservar a imagem e reputação na internet.
Primeiro de tudo: conheça bem a empresa que lhe oferece um contrato de publicidade. Pesquise sobre a qualidade de seus produtos, serviços, atendimento ao consumidor e, até mesmo, a eficiência de seu pós-venda.
Você estará atrelado (a) à imagem da empresa e, portanto, deve saber onde está pisando.
Segundo: amarre muito bem seu contrato de publicidade. SIM, isso é fundamental, uma vez que, geralmente, a empresa possui um setor jurídico inteiro funcionando 100% focado em escrever cláusulas mais favoráveis a eles possíveis.
Cada um puxa a sardinha para o seu lado, não é mesmo?
Terceiro: Estude o contrato e tente sempre prever cenários bons e ruins com a ajuda de seu advogado ou equipe jurídica. O que não é medido não é controlado.
Quarto e último: você é uma pessoa pública (ou quer ser e eventualmente vai conseguir), então, não se exponha a situações em que você possa ser desmascarado pelo público. Evita-se, assim, a alcunha de hipócrita, demagogo, etc.
Tudo o que é exposto é considerado na hora de realizar contratos de publi. As empresas analisam não só a sua postura digital, como também se esses valores são utilizados na prática do seu dia a dia.
Essa pode ser uma diferença entre ter uma parceria ótima e bem rentável ou ter uma parceria horrível e abusiva.
4. Conclusão: como podemos preservar a imagem do Influencer na internet?
Existem diversas maneiras de se evitar uma destruição de imagem e reputação na internet. Fazer contratos de publi com marcas que sigam o seu estilo de vida, sejam transparentes, honestas e, acima de tudo, atendem ao seu público da melhor forma possível.
Entenda que você fará parte da cadeia produtiva dessa marca e, eventual falha, poderá sim cair no seu colo.
Pondere se a marca escolhida irá acolher seus futuros projetos, como o seu público recepcionará essa parceria e, especialmente, se a publicidade não será enganosa ou abusiva.
Por isso, se você é um Digital Influencer e foi procurado por determinado setor jurídico da empresa, consulte um advogado de sua confiança para uma consultoria de alta qualidade e orientações a respeito da assinatura do termo contratual.
Aconselho a procura por profissionais renomados e com autoridade e foco na pauta do direito digital.
Afinal de contas, esse tipo de contrato interfere diretamente na cadeia de consumo podendo levar tanto a grandes lucros como a imensas perdas para todos os lados. Fique esperto!
Gustavo Da Costa Lima
MBA – Gestão de Negócios (USP). Especialista em Direito Civil e Empresarial (PUC-Minas). Graduação em Ciências Jurídicas e Sociais (UFRJ). Agraciado pelo Reitor da UFRJ com a dignidade acadêmica no grau Cum Laude. Civil Liberties (Princeton University). Contract Law: From Trust to Promisse to Contract (Harvard University). Successful Negotiation: Essential Strategies and Skills (University of Michigan). Contratos: Negociações Preliminares (FGV). Provas Digitais e Tutela de Direitos em Redes Sociais (Escola Superior de Advocacia Nacional). Idiomas: português, inglês e espanhol.
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