Deep nude: o que é?
Saiba os seus direitos e o que fazer. Você pode ter direito a pedir uma indenização!
RESUMO
- Deep nude: o que é?
- Como se prevenir de uma deep nude?
- O que fazer se for vítima?
1. Deep nude: o que é?
Em termos simples, deep nude é uma adulteração de fotos ou vídeos, realizada através de inteligência artificial, para produzir nudes de pessoas, ainda que nas fotos originais as mesmas estivessem vestidas, para sua posterior divulgação online.
Há aplicativos e sites que o fazem de forma gratuita, utilizando-se de uma tecnologia de inteligência artificial cada vez mais acessível e perigosa.
Infelizmente, é mais uma forma de violência moral e sexual, na qual imagens ou vídeos íntimos de cunho sexual ou pornográfico de pessoas (em sua grande maioria, mulheres), produzidas em computador (ou seja, não são reais), são divulgadas na internet de forma pública sem o seu consentimento.
Normalmente, quem comete esse crime (sim, crime), são homens, e a maioria das vítimas são mulheres, conforme dados do Instituto Patrícia Galvão.
Por exemplo, há dados do Data Popular/Instituto Avon, de 2014, de que 28% dos homens ouvidos em pesquisa afirmaram ter repassado fotos e vídeos de mulheres nuas que receberam pelo celular a outras pessoas.
Segundo relatório de uma empresa de segurança na internet, entre 2019 e 2020, pelo menos 100 mil mulheres foram vítimas dessa alteração digital para “tirar a roupa”, feita por um robô no aplicativo de mensagens Telegram.
Como consequência de tal exposição e humilhação, há exposição da vítima a comentários grosseiros, perda de emprego e há até mesmo relatos de suicídio por parte das vítimas.
Isso é tão grave, que no Brasil, essa conduta se encaixa como registro não autorizado da intimidade sexual, previsto no artigo 216-B do Código Penal.
A depender de cada caso, podem-se configurar outros crimes também, como violência psicológica tipificada na Lei Maria da Penha, extorsão, difamação etc.
2. Como se prevenir de uma deep nude?
Ao contrário do que nós explicamos no nosso artigo sobre porn revenge ou pornografia de vingança (que você pode ler aqui), infelizmente, no caso do deep nude, não há muito o que fazer para se prevenir.
Ter uma conta nas redes sociais com fotos abertas ao público é o suficiente para que qualquer pessoa se torne um alvo.
O que se pode fazer para TENTAR dificultar a vida dos criminosos, é, além de tornar a sua conta em rede social privada, evitar publicar fotos em trajes de banho ou roupas mais “provocantes” etc.
Isso serve para dificultar um pouco a vida da inteligência artificial no momento da produção do fake nude.
3. O que fazer se for vítima?
Em primeiro lugar, se, infelizmente, você foi vítima de deep nude, guarde não só prints, mas, principalmente, a URL dela. Reúna o máximo de informações que conseguir.
Após isso, procure um advogado especialista em Direito Digital de sua confiança, imediatamente.
Isso é importante para que o profissional possa te orientar sobre como guardar as provas do crime de forma correta, para que possa ser utilizada em juízo.
Em terceiro lugar, após a orientação do advogado, registre um boletim de ocorrência na Polícia Civil do seu estado. De preferência, procure a delegacia especializada em crimes digitais ou, se for o caso, a delegacia da mulher.
Em quarto lugar, pode-se buscar, através do trabalho de um bom advogado especialista em Direito Digital e de uma ação judicial, a remoção do conteúdo impróprio da internet, a identificação de outros agressores (pessoas que fizeram comentários ofensivos ou ajudaram a “espalhar” o conteúdo) e um pedido de indenização cível.
4. Conclusão
Infelizmente, o deep nude é uma realidade.
Por isso, para tentar se prevenir de ser vítima deste crime, mantenha sua conta em rede social privada e evite publicar fotos em trajes de banho ou roupas mais “provocantes” etc.
Ainda assim, caso você tenha sido vítima deste crime, não pense duas vezes e haja com velocidade. Procure imediatamente um advogado especialista em Direito Digital, não só para punir o criminoso o quanto antes, mas também para tentar evitar que o conteúdo se espalhe demais.
E uma mensagem final: jamais sinta vergonha de si e muito menos tenha vergonha de procurar ajuda. Quem tem que ter vergonha é quem comete crime.
Espero ter ajudado e nos vemos nos próximos artigos. Um abraço!
Marina Affonso Silva
Graduação em Ciências Jurídicas e Sociais (UFRJ). Agraciada pelo Reitor da UFRJ com a dignidade acadêmica no grau Cum Laude. Pós-Graduada em Direito (Escola Paulista de Direito). Eleita a 7ª advogada mais digital do Brasil em 2019 pela ADVBOX. Successful Negotiation: Essential Strategies and Skills (University of Michigan). Legal Tech & Startups (IE Business School). Crimes Digitais e Meios de Prova Forense (Escola Superior de Advocacia Nacional). Idiomas: português e inglês.
Somos especialistas em Direito Civil e Digital.